Pesquisa tem o objetivo de validar o uso de técnica restauradora no tratamento de feridas complexas
A Pós-graduação Ciências Médicas – MG é fomentadora de um projeto de pesquisa premiado, voltado para uso de uma técnica restauradora no tratamento de feridas em membros inferiores, que recentemente foi apresentado pela residente Alice Marina Osório, do Hospital Universitário Ciências Médicas – MG (HUCM), no “Congreso Iberolatinoamericano de Residentes y Jóvenes Especialistas en Cirugía Plástica de la FILACP”, realizado entre os dias 20 e 23 de abril, na Costa Rica.
A apresentação do projeto ocorreu após a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica escolher os dez melhores trabalhos do Brasil para participarem do evento internacional, organizado pela Federação Ibero-latino-americana de Cirurgia Plástica (FILACP), instituição composta por mais de 6.000 cirurgiões plásticos e 22 países. A Pós-graduação Ciências Médicas – MG patrocinou a participação da Dra. Alice, cujo trabalho conquistou o prêmio de melhor apresentação oral no evento.
“O apoio científico e financeiro oferecido pela Ciências Médicas possibilitou a apresentação do projeto no evento e o convite para que outros residentes e pesquisadores possam estar juntos nesse desafio”, disse a Dra. Alice. “A proposta teve uma aceitação muita positiva pelos dirigentes da FILACP”, acrescentou.
O projeto tem a finalidade de avaliar a capacidade regenerativa da lipoenxertia em feridas nos membros inferiores. “A lipoenxertia é um enxerto de gordura, um procedimento que já existe há mais de um século, e é utilizado para a correção de cicatrizes, preenchimento de lesões ou deformidades”, explica a pesquisadora. “Estudos descobriram que dentro do tecido adiposo existem células-tronco que são eficazes para o tratamento de cicatrizes atróficas. Esse tipo de aplicação tem se mostrado eficiente para feridas crônicas ou decorrentes de trauma”, enfatiza.

Apesar dos ótimos resultados obtidos, essa técnica ainda é considerada experimental, pois os estudos atualmente disponíveis são limitados pela falta de evidências de alto nível, devido às variadas possibilidades envolvidas no processo, que geram dificuldades na comparação dos achados desses trabalhos. “O projeto surgiu a partir da identificação de uma lacuna que precisa ser preenchida, para consolidar a utilização da técnica, por meio de um estudo multicêntrico internacional, que terá o Hospital Universitário Ciências Médicas – MG como sede e contará com a participação de pesquisadores de diferentes países”, conta Alice.
O escopo do projeto prevê a realização de uma pesquisa de “natureza analítica, intervencionista, longitudinal e prospectiva, em pacientes portadores de feridas em membros inferiores, submetidos ao tratamento com a lipoenxertia, em diversos centros pela América Latina, sob um mesmo protocolo que determina todas as etapas do processo”. Assim, será possível obter o número de casos suficiente para que se tenha dados robustos e comparáveis, que demonstram a evolução da aplicação em diferentes contextos.
Além de validar o uso de uma técnica que traz benefícios para a saúde e a qualidade de vida, os resultados do estudo poderão ter impacto socioeconômico, pois, conforme destaca o texto de apresentação, “as lesões dos membros inferiores, sejam elas por trauma ou doenças crônicas, são um problema socioeconômico comum à população de toda América Latina. Onera os cofres públicos ao demandar longos períodos de internação e pela dificuldade de reabilitação”.
A receptividade da apresentação do projeto no evento da FILACP mostra o alto nível dos residentes oriundos dos processos de seleção da Pós-graduação Ciências Médicas – MG, bem como daqueles que atuam diretamente no Hospital Universitário Ciências Médicas – MG.
Os próximos passos para a execução do projeto incluem a aprovação pelo Comitê de Ética do HUCM, o registro na plataforma Brasil e em âmbito internacional.